quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Felicidade....

A Felicidade

Vinicius de Moraes

Composição: Vinicius de Moraes / Antonio Carlos Jobim

Tristeza não tem fim
Felicidade sim

A felicidade é como a pluma
Que o vento vai levando pelo ar
Voa tão leve
Mas tem a vida breve
Precisa que haja vento sem parar

A felicidade do pobre parece
A grande ilusão do carnaval
A gente trabalha o ano inteiro
Por um momento de sonho
Pra fazer a fantasia
De rei ou de pirata ou jardineira
Pra tudo se acabar na quarta-feira

Tristeza não tem fim
Felicidade sim

A felicidade é como a gota
De orvalho numa pétala de flor
Brilha tranqüila
Depois de leve oscila
E cai como uma lágrima de amor

A felicidade é uma coisa boa
E tão delicada também
Tem flores e amores
De todas as cores
Tem ninhos de passarinhos
Tudo de bom ela tem
E é por ela ser assim tão delicada
Que eu trato dela sempre muito bem

Tristeza não tem fim
Felicidade sim

A minha felicidade está sonhando
Nos olhos da minha namorada
É como esta noite, passando, passando
Em busca da madrugada
Falem baixo, por favor
Pra que ela acorde alegre com o dia
Oferecendo beijos de amor

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

"Manifesto Político-Cultural da Mais Nova Velha Boemia"

Peço perdão antecipado caso o presente Manifesto soe demasiadamente debochado e desde já advirto os mais desavisados que daqui não prossiga, caso ainda esteja preso à antiga moral e aos ditos “bons costumes”, pois isso a que se atrela, a nós de nada tem valor.

Este Manifesto escrito aos goles de uma boa cachaça e sob as baforadas de um nem tão bom charuto, reflete o amor pela liberdade e a liberdade de amar de jovens estudantes da capital Goiana. A “Mais nova velha-boemia” é um movimento político e cultural que não possui pretensões de vanguarda, não quer ditar estilos ou estéticas.

Somos jovens tomados pelo simples desejo de amar e ser amados, amantes da boa vida e das mais belas senhoritas.Não somos a nostalgia de tempos que não voltam mais, contudo retornamos a um ponto de partida comum a antigos mestres boêmios para guinarmos para algo novo.Cultivamos a velha boemia dos cabareth’s franceses da década de 30. Dos velhos tempos dos malandros da Lapa Carioca.

Somos sonhadores românticos. Mas não nos limitamos ao egoísmo de achar que o maior dos problemas do mundo são nossas contradições amorosas ou sentimentais. Temos consciência de que somos jovens que vivem contradições sociais gritantes dentro da majestosa América Latina, terra riquíssima e de belezas cativantes, mas que ainda continua sendo explorada como colônias mercantilistas do passado, por potências mundiais da qual a ganância não tem fim.

As belezas de nossa terra se contrastam com a fome, a dor e a miséria tanto econômica quanto cultural de nossa gente.Temos por obrigação não só elaborar arte. Mais que isto, temos por responsabilidade a democratização desta arte entre a nossa gente. De nada adianta a arte dentro de suas galeria e teatros elegantes tão distantes do povo.

Nossa arte, alegria e boemia devem estar nos muros, nas praças e nos bares de nossa cidade, bem ao alcance do povo. Contudo, além de militantes políticos de esquerda, somos jovens que amam, que sofrem, que bebem e que se esbaldam, nossa luta é motivada por grandes sentimentos de amor. E o que representa nossa maior grandeza é o fato de que lutamos ao ponto de oferecer nosso próprio sangue, se necessário for, na luta pela qual temos a certeza de que o fruto de nossas conquistas não será desfrutada por nós. E sim por pessoas em tempos vindouros de uma nova sociedade.

E entre uma batalha e outra, degustamos um bom vinho, conquistamos belas mulheres ou esbaldamos em um vaporoso charuto. Ouvimos sambas, bossas ou um tango talvez. Escrevemos poemas, sonetos e panfletos.Queremos aproveitar a vida, o dia e deleitarmos na noite.

Queremos a alegria de ser brasileiro e queremos mais, queremos a liberdade de termos todos os brasileiros que quiserem desfrutar da nossa boemia. Queremos amar e amar muito, demais. Não queremos “ter” um amor, pois “ter” é um verbo possessivo que descaracteriza toda a beleza do amor. O amor não é propriedade. Preferimos viver um amor. Enquanto este que é chama durar dentro de nossos corações que são mais vastos que mundo inteiro. Impossível privar o coração a tudo que vemos de amável, a beleza há de nos conquistar em qualquer lugar que nos encontre, contudo seria falta de sinceridade olhar apenas o lado agradável da vida.

Junte-se a nós pegue um copo, acenda seu cigarro e beije alguma dama, sinta teu corpo e a beleza que se encerra na boemia soturna da noite goiana.

Boêmios de todo o mundo, uni-vos. Pois vós nada tendes a perder a não ser os grilhões que vos acorrentam a esta moral ultrapassada e envelhecida.

Sarava Álvares de Azevedo, Castro Alves, Noel Rosa, Cartola, Vinicius de Morares, Chico Buarque e todos os grandes mestres da boemia.

Bruno Pena
Acadêmico de Direito da Pontifícia Universidade Católica de Goiáse Vice-Presidente da UEE-GO

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

MANIFESTO POLÍTICO-CULTURAL DA MAIS NOVA VELHA-BOEMIA

Peço perdão antecipado caso o presente Manifesto soe demasiadamente debochado e desde já advirto os mais desavisados que daqui não prossiga, caso ainda esteja preso à antiga moral e aos ditos “bons costumes”, pois isso a que se atrela, a nós de nada tem valor.

Este Manifesto escrito aos goles de uma boa cachaça e sob as baforadas de um nem tão bom charuto, reflete o amor pela liberdade e a liberdade de amar de jovens estudantes da capital Goiana. A “Mais nova velha-boemia” é um movimento político e cultural que não possui pretensões de vanguarda, não quer ditar estilos ou estéticas.

Somos jovens tomados pelo simples desejo de amar e ser amados, amantes da boa vida e das mais belas senhoritas.Não somos a nostalgia de tempos que não voltam mais, contudo retornamos a um ponto de partida comum a antigos mestres boêmios para guinarmos para algo novo.Cultivamos a velha boemia dos cabareth’s franceses da década de 30. Dos velhos tempos dos malandros da Lapa Carioca.

Somos sonhadores românticos. Mas não nos limitamos ao egoísmo de achar que o maior dos problemas do mundo são nossas contradições amorosas ou sentimentais. Temos consciência de que somos jovens que vivem contradições sociais gritantes dentro da majestosa América Latina, terra riquíssima e de belezas cativantes, mas que ainda continua sendo explorada como colônias mercantilistas do passado, por potências mundiais da qual a ganância não tem fim.

As belezas de nossa terra se contrastam com a fome, a dor e a miséria tanto econômica quanto cultural de nossa gente.Temos por obrigação não só elaborar arte. Mais que isto, temos por responsabilidade a democratização desta arte entre a nossa gente. De nada adianta a arte dentro de suas galeria e teatros elegantes tão distantes do povo.

Nossa arte, alegria e boemia devem estar nos muros, nas praças e nos bares de nossa cidade, bem ao alcance do povo. Contudo, além de militantes políticos de esquerda, somos jovens que amam, que sofrem, que bebem e que se esbaldam, nossa luta é motivada por grandes sentimentos de amor. E o que representa nossa maior grandeza é o fato de que lutamos ao ponto de oferecer nosso próprio sangue, se necessário for, na luta pela qual temos a certeza de que o fruto de nossas conquistas não será desfrutada por nós. E sim por pessoas em tempos vindouros de uma nova sociedade.

E entre uma batalha e outra, degustamos um bom vinho, conquistamos belas mulheres ou esbaldamos em um vaporoso charuto. Ouvimos sambas, bossas ou um tango talvez. Escrevemos poemas, sonetos e panfletos.Queremos aproveitar a vida, o dia e deleitarmos na noite.

Queremos a alegria de ser brasileiro e queremos mais, queremos a liberdade de termos todos os brasileiros que quiserem desfrutar da nossa boemia. Queremos amar e amar muito, demais. Não queremos “ter” um amor, pois “ter” é um verbo possessivo, verbo que descaracteriza toda a beleza do amor. O amor não é propriedade. Preferimos viver um amor. Enquanto este que é chama durar dentro de nossos corações que são mais vastos que mundo inteiro. Impossível privar o coração a tudo que vemos de amável, a beleza há de nos conquistar em qualquer lugar que nos encontre, contudo seria falta de sinceridade olhar apenas o lado agradável da vida.

Junte-se a nós pegue um copo, acenda seu cigarro e beije alguma dama, sinta teu corpo e a beleza que se encerra na boemia soturna da noite goiana.

Boêmios de todo o mundo, uni-vos. Pois vós nada tendes a perder a não ser os grilhões que vos acorrentam a esta moral ultrapassada e envelhecida.

Sarava Álvares de Azevedo, Castro Alves, Noel Rosa, Cartola, Vinicius de Morares, Chico Buarque e todos os grandes mestres da boemia.

Bruno Pena
Acadêmico de Direito da Universidade Católica de Goiás

sexta-feira, 25 de janeiro de 2008

Vinicius de Moraes conseguiu expressar neste poema tudo o que eu já havia reparado...... brilhante!!!!!!!

"Todas as namoradas que eu já tive... (s/ título)"

Todas as namoradas que eu já tive
Estão noivas
Uma só dentre todas não está noiva
Casou-se.
Nenhuma se lembra mais de mim
As que tiveram meus beijos evitam meus olhos
As que tiveram minha afeição riem mal de mim
E beijam furtivamente os noivos nos cinemas e nas praias
Todas têm meus sonetos de amor
Com promessas ardentes de constância e fidelidade
Todas têm meu retrato
O retrato do menino risonho que eu já fui
Com todas eu gastei algumas horas do dia
E algumas horas da noite
Todas estão noivíssimas
E são apenas meninas sem juízo fazendo o que querem
Dando aos namorados anteriores a satisfação social do noivado
E exibindo o noivo bonito aos olhos das moças sem namorado.

Algumas eu estimei sinceramente
Sem grandes palavras mas com olhares francos
Olhares que eu estudava nos bondes com outras
Para fazê-los ainda mais verdadeiros
Com outras me diverti
Passeando horas e horas braço com braço
Com palavras grandes e pequenos olhares
A todas eu feri inconscientemente
As que eu beijei e as que eu não beijei
As que eu beijei porque um dia não quis beijar
As que eu não beijei porque um dia quis beijar.

Vi-as fugirem todas de mim
E me vi fugindo de todas elas
Vejo-as agora aqui e ali ontem e hoje
A casada, com um filhoAs noivas, com brilhos maternais nos olhos
Futuros infelizes para o mundo
Vejo-me por momentos pai de família comprando brinquedos
E a satisfação de estar só é tão grande
Que no fundo eu estimo sinceramente todas essas meninas
Que estão noivas e serão muito felizes
E a que está casada e não é feliz mas faz que é

E me estimo mais, ainda, a mim próprio
Que estou só, feliz e só, com os meus amigos e com a minha boemia discreta.


in Poesia completa e prosa: "Poesias coligidas"

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Soneto do Rei dos Vagabundos

“Soneto do Rei dos Vagabundos”

'Minha desgraça, ó cândida donzela,
O que faz que o meu peito assim blasfema,
E' ter para escrever todo um poema,
E não ter um vintém para uma vela'

Álvares de Azevedo

Ao rufar dos tambores

Sou um nobre vagabundo

Tenho um coração maior que o mundo

E nele cabe mil amores!

Sei que hei de morrer um dia

Vítima da minha boemia

Vítima também do meu amor

Traga-me meu vinho em taça rasa

O álcool me da asas

E eu quero voar

Sou o rei dos vagabundos

E vou pela tempestade

Alguns me xingam de imundo

Para vós sou Majestade!

Bruno Pena, Goiânia, Abril de 2006.